Depois desse um mês e meio de blog (como o tempo voa!), alguns de vocês já devem ter percebido que eu sou uma pessoa que sabe guardar dinheiro, mas que, por vezes, faz escolhas infelizes e não pensadas.
A verdade é que, até poucos meses atrás, eu nem pensava muito nos meus gastos, pois eu sempre levei uma vida frugal e conseguia guardar aproximadamente 70% da minha renda mensal sem muito esforço. Desta forma, achava que, como eu não tinha dívidas e estava construindo uma poupança razoável, tudo bem eu fazer qualquer coisa com a quantia X destinada justamente a “qualquer coisa”.
Só que muita coisa mudou na minha vida no último ano. Minha forma de ver o mundo e cada coisinha nele está mudando (e evoluindo, eu diria). Então, naturalmente, estou ficando a cada dia mais consciente de tudo o que consumo, desde alimentos até formas de entretenimento.
E, hoje, eu vou voltar a falar sobre vestuário. Já faz algum tempo que estou tentando destralhar meu guarda-roupa. Como contei para vocês, finalmente desapeguei do que não combinava comigo. Falei sobre como é difícil não pensar no quanto foi investido naquelas peças e sobre o fato de que muitas delas ainda estavam com a etiqueta. Falei também sobre algumas das motivações que me levaram a, finalmente, dar um fim a toda a tralha que permanecia ali ano após ano.
Só que, intencionalmente, eu não entrei na questão da quantidade de coisas de lojas fast fashion que eu tinha. Para mim, é um assunto bastante complicado e, assim como eu acho cansativo falar sobre todos os motivos que me levaram a adotar uma dieta vegetariana, eu também não tenho muita paciência para discutir sobre o porquê de eu ter uma lista de empresas que nunca mais vão ganhar um centavo meu.
A fast fashion na minha vida
Eu moro longe da casa dos meus pais desde 2009. Foi aí que aprendi a ter um orçamento e respeitá-lo – o dinheiro que eu tinha para o mês vinha todo deles, já que eu cursava Engenharia em turno integral. (A quantia era limitada a uma certa quantia.) E foi aí, também, que comecei a comprar tudo o que precisava ou queria, dentro dos meus limites. (Sim, antes dos meus 18, minha mãe cuidava de tudo.)
É claro que, em muitas coisas, eu buscava a opção mais barata. Eu também estava procurando meu estilo, vendo nos manequins diferentes combinações bonitas, sem pensar se elas combinariam comigo. Se estivesse em conta, era bom ter a opção de mais um casaco para usar. Desta forma, na maioria das vezes, eu recorria a lojas de fast fashion.
Outro motivo é que eu adorava encontrar roupas de determinada marca por um preço bem baixinho. Em 2013-14, fui estudar em Toronto, no Canadá, e comprei uma quantidade absurda de coisas porque elas tinham preços ótimos. Jaquetas que aqui custam em torno de 200 reais, lá estavam por 15 dólares (e o dólar canadense ficava em torno de R$2,20). Trouxe coisas para toda a família também, claro.
Mas agora vocês já sabem que meu pensamento mudou.
O que mudou?
Eu não sei em que ponto eu comecei a prestar atenção em coisas que antes nem passavam pela minha análise. Talvez eu tenha stalkeado alguém iluminado e acabei parando em alguma página cheia de textos que levaram a documentários e reportagens diversas. Vai saber, né? Mas um caminho assim não tem volta.
O trabalho escravo, por exemplo: eu canso de ouvir o famoso “isso acontece em todos os lugares” como uma desculpa para que a pessoa se sinta melhor por contribuir a tal coisa. Canso de ver compartilhamentos no Facebook sobre a descoberta de mais uma empresa que utiliza trabalho escravo infantil em um dia, e, no outro, uma foto de um chocolate de uma das marcas anteriormente citadas.
E eu poderia discutir muitas outras coisas, mas, por ora, vou focar em apenas uma das frases que escuto: “é inviável comprar apenas de marcas éticas”. Concordo que, para muita gente, possa ser: tempos de crise, dinheiro curto, necessidade de manter certo status, falta de vontade, entre (muitos) outros motivos.
Como eu já não quero mais uma grande quantidade de coisas (quero apenas o que me proporcione conforto), compro menos e, consequentemente, sobra mais dinheiro para investir em peças um pouco mais caras.
O que eu tenho feito para eliminar roupas fast fashion do meu closet
Decidi adotar algumas regrinhas para minhas próximas compras:
1. Comprar peças que eu realmente gosto.
Não foram poucas as vezes que eu comprei peças de roupas que nem ficaram tão boas assim, mas que eram “bonitinhas” e baratas. Também não foram poucas as vezes que reclamei por não ter nada para vestir estando em frente a um guarda-roupa cheio. No mês passado, conversando com a minha mãe, falávamos sobre o quão sem sentido é manter determinada peça para uma ocasião especial. (Até porque provavelmente iremos comprar algo novo para tal ocasião, de qualquer forma.)
Mas a questão é: se eu gosto e me sinto bem vestindo alguma roupa, tenho mais é que usá-la várias vezes. Se é possível encontrar roupas que ficam boas em mim, são essas que devo procurar. Se eu ficar na dúvida na hora de comprar, eu vou usar o famoso e simples truque da espera de pelo menos um dia para tomar a decisão. E, por fim, se, num futuro próximo, meu guarda-roupa for como eu imagino, eu nunca mais terei que sentir aquela aflição horrível de me desfazer de tanta coisa mal ou nunca aproveitada. (E também nunca mais me atrasarei, heh.)
2. Comprar peças de boa qualidade.
Eu gosto muito do estilo das roupas da Forever 21, por exemplo. Só que, bom, elas não duram. Alguns dias atrás, meu namorado pegou uma camisa dele da marca e disse “o que será que aconteceu aqui?”, pois ela esticou bastante. Poderia ser a secadora, mas outras camisas, confeccionadas em melhores tecidos e que foram para a secadora no mesmo ciclo, ficaram como sempre estiveram. Eu tenho um suéter que começou na numeração P e, juro, está na GG agora.
Sei que muita gente escolhe algumas peças especificamente em que o preço baratinho compensa – as regatinhas, por exemplo. Quando elas ficarem feias, afinal, é só descartar, e você nem sofre porque não investiu muito nelas mesmo. Eu também vivia com essa ideia, mas sofro de mandar uma roupa para o lixo. Se eu enjoar, gosto de ter a opção de doar tal peça. Porém, mandar de tempos em tempos coisas diretamente para o lixo, pois ninguém mais pode usá-las, me deixa incomodada.
Portanto, mesmo que roupas de boa qualidade e que durem mais sejam, também, mais caras, é nelas que eu quero gastar meu dinheiro. Elas tendem a ser o melhor investimento a longo prazo e farão com que eu me sinta bem por mais tempo.
Só uma observação: eu ainda tenho roupas no meu closet cuja qualidade é ~duvidosa (eu guardei todas as peças que eu gosto, independente da qualidade). Só vou me desfazer delas quando as mesmas não puderem mais ser usadas, substituindo-as, portanto, por peças de melhor qualidade.
3. Cuidar das peças que eu já tenho.
Eu tenho *muita* preguiça de lavar roupas. Eu tendo a simplesmente juntá-las na máquina e apertar o botão com o ciclo de lavagem escolhido. É por isso também que, tempos atrás, eu preferia comprar roupas fast fashion descartáveis – no momento em que estragassem, jogaria no lixo sem pena.
Acontece que eu sinto o maldito remorso, como falei na regra anterior. Como toda a minha mentalidade mudou e eu quero que minhas roupas se mantenham com um bom aspecto, precisei desenvolver uma maneira simples de cuidar delas. (Se há como facilitar as coisas, é exatamente o que farei.) Não entrarei na questão de como cuidar de cada tipo de roupa (se quiserem, posso falar em um novo post), mas atitudes como observar o tipo de material e as cores de cada peça podem ajudar bastante. Um pouco de cuidado a mais, além de preservar a peça, contribui para a saúde do bolso.
4. Dar preferência a marcas éticas e sustentáveis.
Nada mais justo, né?! Se eu estou preparada para gastar uma quantia maior de dinheiro em uma peça de vestuário, é claro que não darei meu dinheiro para empresas da minha lista negra. Convenhamos que, em muitas lojas fast fashion, as peças podem sair relativamente caras, de qualquer forma. Vou gastar meu dinheiro nela ou em outra marca que proporciona roupas de qualidade enquanto adota valores voltados à sustentabilidade do nosso planeta e ao bem estar de todos os seres que aqui vivem?
5. Visitar brechós.
Confesso que, até pouco tempo atrás, tinha certa resistência de comprar roupas usadas. Nunca tinha visitado um brechó. Por que eu compraria roupas usadas tendo dinheiro para comprar roupas novas?Entretanto, tem um bom tempo que coloco algumas das minhas coisas (nunca ou pouco usadas) a venda e, convenhamos, qual é a diferença? Ao olhar a peça em um brechó, você pode ter a mesma percepção que teria ao vê-la em outra loja qualquer. É possível verificar se ela está boa, sem defeitos ou manchas e, ainda, cheirá-la (por alguma razão, eu sempre penso no cheiro).
Descobri vários brechós super arrumadinhos aqui em Curitiba e já fiz uma nota mental para conferir o que tem por lá sempre que eu realmente precisar de alguma coisa nova.
Quais são as regras que vocês usam, mesmo que inconscientemente, na hora de adquirir uma peça de roupa nova?
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Bruna respondeu:
Que bom, Váh! Como eu disse, também tenho muitas coisas de fast fashion ainda, mas seria injusto eu comparar com marcas melhores (e não necessariamente mais caras) depois de uns dois anos de uso. E eu realmente não sei se, no meu caso, tem muito a ver com o cuidado que tenho com elas porque, também como mencionei, todas entravam no mesmo “bolo” de lavagem, mas algumas tendiam a desgastar mais rápido que as outras. 🙁